Quem há-de abrir a porta ao gato quando eu morrer? Sempre que pode foge prá rua, cheira o passeio e volta pra trás, mas ao defrontar-se com a porta fechada (pobre do gato!) mia com raiva desesperada. Deixo-o sofrer que o sofrimento tem sua paga, e ele bem sabe. Quando abro a porta corre pra mim como acorre a mulher aos braços do amante. Pego-lhe ao colo e acaricio-o num gesto lento, vagarosamente, do alto da cabeça até ao fim da cauda. Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos, olhos semi-cerrados, em êxtase, ronronando. Repito a festa, vagarosamente. do alto da cabeça até ao fim da cauda. Ele aperta as maxilas, cerra os olhos, abre as narinas. e rosna. Rosna, deliquescente, abraça-me e adormece. Eu não tenho gato, mas se o tivesse quem lhe abriria a porta quando eu morresse?
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Ron-rons da Moody